Quais são suas
melhores lembranças de Layne?
MI: "O Layne era um ser humano verdadeiro, e também um bom
homem. Ele nunca tinha segundas intenções. Ele nunca fazia piadas racistas,
nunca o ouviu falar merda de ninguém. Ele apoiou desde a outras bandas, como o
Lollapalooza, estavam com os Tool, Rage Against The Machine, Fishbone, Dinosaur
Jr, Primus e Arrested Development. E no final dessa digressão de seis semanas
dos EUA, começámos a tocar uns com os outros. Houve pessoas que vieram connosco
e nós fomos com eles. Em seguida, houve a loucura da banda belga industrial
chamada Front 242. Eles não falam Inglês muito bem, falavam a sua
própria língua. Acontece que eles eram geniais, só que era muito difícil
nos relacionar com eles porque eles eram estrangeiros e parecia tudo um circo
itinerante. Por algum motivo, o Layne amava aquela banda. Oferecia-se para
improvisar com eles, o que era muito fixe. De todas as estrelas do rock -.. Sabes,
os Rage Against The Machine e os Tool e todas aquelas bandas de estrelas de
rock que tinha - ele queria fazer «jams» com o ato de abertura e fazer aquela
música maluca de industrial".
Como é que o
Layne lidava com a fama?
MI: "(...) Bem, fomos para os Grammys e
foi muito engraçado porque ele não era o tipo de homem que queria ser o centro
das atenções. Era do tipo de perfil baixo. Não era o tipo de homem em quem
irias reparar, é simplesmente fantástico as suas vibrações de transmissão.
Fomos para lá, onde se incluíam pessoas como Robert De Niro, Michael Bolan e
Nicolette Sheridan. Todos os famosos e, em seguida, vieram os loucos dos
grungers. E não importa quem estava na sala, percebi que toda gente olhava para
o Layne. As pessoas não sabiam quem ele era e perguntavam: 'Uau, quem é aquele
homem?' Eu tive essa energia e era interessante. Para ele, essas coisas eram
estúpidas - todas essas cerimónias de premiação e ondas de ego típicas de
Nova York e Los Angeles. Foi muito divertido. Acabávamos sempre por gravitar em
direção a nós próprios e ficávamos a rir. Acho que até agora perdemos oito
Grammys. Por isso, será quase como uma decepção quando ganharmos. Acho que
temos o recorde de mais perdas. E tomamos essa medalha com orgulho."
Como era
trabalhar com o Layne nas canções?
MI: "Ele era óptimo. Uma das primeiras
músicas que eu escrevi com ele foi 'A Little Bitter' da trilha sonora de 'O
Último Grande Herói". E então, com "Jar Of Flies", as duas
músicas que eu escrevi com ele foram 'I Stay Away' e 'Rotten Apple'. Nessas
três músicas, o Layne escreveu as melodias. Olhando para trás, tivemos uma
química mágica muito especial. Eu sei que muitas bandas dizem isso, mas foi
muito bom ver o Layne a percorrer o seu caminho vocal. Eu era tão
diferente. Eu fazia o oposto. Primeiro fazia as melodias - e esse tipo de
coisas. E muitas das melodias soavam desafinadas ou algo do género. Havia uma
nota que não encaixava e ele dizia 'Não, espera, espera'. Com isso, nós
deixávamos ele fazê-lo. Ele fazia com que a sua voz e as melodias encaixassem
de maneira radical. Ele criava a canção de forma coletiva.
Eu sempre pensei
que era experimental, a maneira como ele o fazia. Eu nunca soube exatamente o
que queria, mas depois ele chegava lá e começava a puxar as coisas para fora.
Eu diria que um dos pontos fortes dos Alice In Chains é a nossa forma de
escrever, compor todos os lotes de material de uma só vez. Mas no final sabemos
o que é bom e o que não presta. Eu acho que é um dos nossos pontos fortes, dizer:
'Ok, isso é porreiro, isso não é suficientemente bom". O Layne era
realmente bom no que fazia. E aprendemos a confiar nele. E eu acho que antes de
eu chegar, os outros rapazes confiavam nele como vocalista. E, claro, o
[guitarrista e vocalista, Jerry] Cantrell é também um grande compositor.
Nós escrevemos,
gravámos e produzimos o "Jar Of Flies" em 10 dias entre duas
digressões. Então, quando ele ficou em primeiro lugar, não estávamos a
acreditar. Mas aquele era o melhor da cena na época. Eu sempre pensei que
estarmos quase confinados para irmos para o Pacífico Noroeste, havia
oportunidade para que bandas como Soundgarden, Pearl Jam e Nirvana evoluíssem como
banda e descobrissem o seu tipo de música antes de estarem dentro do cenário musical.
Estarem isolados de Los Angeles e Nova Iorque acho que foi bom para essas bandas.
E cada um desses cantores soarem diferentes um do outro. Verdade seja
dita, de todos eles, o Layne era o meu favorito. Ele era uma voz original, uma
voz original americana".
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