sábado, 11 de fevereiro de 2012

Mike Inez: "Acho que temos o recorde de mais perdas. E tomamos essa medalha com orgulho."


Em dezembro de 2010, Mike Inez fez parte de uma edição especial da revista Revolver - intitulada de "Fallen Heroes of Hard Rock and Metal - Kepping Heaven Heavy" - que apenas foi publicada em inícios de 2011, onde se pode ver na capa, a cara de Staley, assim como de outros heróis do Rock como Freddie Mercury, The Rev, Dio, Dimebag Darrell e Kurt Cobain. Nesta entrevista, Inez recorda Staley como um bom ser humano - um homem verdadeiro, inteligente e talentoso.

Quais são suas melhores lembranças de Layne?
MI: "O Layne era um ser humano verdadeiro, e também um bom homem. Ele nunca tinha segundas intenções. Ele nunca fazia piadas racistas, nunca o ouviu falar merda de ninguém. Ele apoiou desde a outras bandas, como o Lollapalooza, estavam com os Tool, Rage Against The Machine, Fishbone, Dinosaur Jr, Primus e Arrested Development. E no final dessa digressão de seis semanas dos EUA, começámos a tocar uns com os outros. Houve pessoas que vieram connosco e nós fomos com eles. Em seguida, houve a loucura da banda belga industrial chamada Front 242. Eles não falam Inglês muito bem, falavam a sua própria língua. Acontece que eles eram geniais, só que era muito difícil nos relacionar com eles porque eles eram estrangeiros e parecia tudo um circo itinerante. Por algum motivo, o Layne amava aquela banda. Oferecia-se para improvisar com eles, o que era muito fixe. De todas as estrelas do rock -.. Sabes, os Rage Against The Machine e os Tool e todas aquelas bandas de estrelas de rock que tinha - ele queria fazer «jams» com o ato de abertura e fazer aquela música maluca de industrial".

Como é que o Layne lidava com a fama?
MI: "(...) Bem, fomos para os Grammys e foi muito engraçado porque ele não era o tipo de homem que queria ser o centro das atenções. Era do tipo de perfil baixo. Não era o tipo de homem em quem irias reparar, é simplesmente fantástico as suas vibrações de transmissão. Fomos para lá, onde se incluíam pessoas como Robert De Niro, Michael Bolan e Nicolette Sheridan. Todos os famosos e, em seguida, vieram os loucos dos grungers. E não importa quem estava na sala, percebi que toda gente olhava para o Layne. As pessoas não sabiam quem ele era e perguntavam: 'Uau, quem é aquele homem?' Eu tive essa energia e era interessante. Para ele, essas coisas eram estúpidas - todas essas cerimónias de premiação e  ondas de ego típicas de Nova York e Los Angeles. Foi muito divertido. Acabávamos sempre por gravitar em direção a nós próprios e ficávamos a rir. Acho que até agora perdemos oito Grammys. Por isso, será quase como uma decepção quando ganharmos. Acho que temos o recorde de mais perdas. E tomamos essa medalha com orgulho."

Como era trabalhar com o Layne nas canções?
MI: "Ele era óptimo. Uma das primeiras músicas que eu escrevi com ele foi 'A Little Bitter' da trilha sonora de 'O Último Grande Herói". E então, com "Jar Of Flies", as duas músicas que eu escrevi com ele foram 'I Stay Away' e 'Rotten Apple'. Nessas três músicas, o Layne escreveu as melodias. Olhando para trás, tivemos uma química mágica muito especial. Eu sei que muitas bandas dizem isso, mas foi muito bom ver o  Layne a percorrer o seu caminho vocal. Eu era tão diferente. Eu fazia o oposto.  Primeiro fazia as melodias - e esse tipo de coisas. E muitas das melodias soavam desafinadas ou algo do género. Havia uma nota que não encaixava e ele dizia 'Não, espera, espera'. Com isso, nós deixávamos ele fazê-lo. Ele fazia com que a sua voz e as melodias encaixassem de maneira radical. Ele criava a canção de forma coletiva.

Eu sempre pensei que era experimental, a maneira como ele o fazia. Eu nunca soube exatamente o que queria, mas depois ele chegava lá e começava a puxar as coisas para fora. Eu diria que um dos pontos fortes dos Alice In Chains é a nossa forma de escrever, compor todos os lotes de material de uma só vez. Mas no final sabemos o que é bom e o que não presta. Eu acho que é um dos nossos pontos fortes, dizer: 'Ok, isso é porreiro, isso não é suficientemente bom". O Layne era realmente bom no que fazia. E aprendemos a confiar nele. E eu acho que antes de eu chegar, os outros rapazes confiavam nele como vocalista. E, claro, o [guitarrista e vocalista, Jerry] Cantrell é também um grande compositor.

Nós escrevemos, gravámos e produzimos o "Jar Of Flies" em 10 dias entre duas digressões. Então, quando ele ficou em primeiro lugar, não estávamos a acreditar. Mas aquele era o melhor da cena na época. Eu sempre pensei que estarmos quase confinados para irmos para o Pacífico Noroeste, havia oportunidade para que bandas como Soundgarden, Pearl Jam e Nirvana evoluíssem como banda e descobrissem o seu tipo de música antes de estarem dentro do cenário musical. Estarem isolados de Los Angeles e Nova Iorque acho que foi bom para essas bandas.  E cada um desses cantores soarem diferentes um do outro. Verdade seja dita, de todos eles, o Layne era o meu favorito. Ele era uma voz original, uma voz original americana".

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