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Este novo artigo foi publicado no site The Atlantic e descreve o processo de criação do álbum Dirt, contando com 'relatos' do produtor do álbum David Jerden e do engenheiro Bryan Carlstrom. Descreve também os primeiros passos musicais dados por Staley, contando ainda com relatos do amigo Johnny Bacolas e James Bergstrom, ambos seus companheiros na banda Sleze.
[...] Staley soava como mais ninguém. A sua habilidade de projetar poder e a vulnerabilidade nos seus vocais, assim como as harmonias originais e complementares que criava quando cantava com o guitarrista Jerry Cantrell, criou-se assim um estilo que por anos nunca foi copiado depois dos Alice in Chains se transformarem num nome muito conhecido.
Quando morreu há dez anos a partir de hoje, os tributos que se seguiram, foram muitas vezes centrados na sua voz. "Ele estava sozinho, o homem que me levou a começar a cantar," disse o vocalista dos Godsmack, Sully Erna à MTV. "Até hoje, eu nunca ouvi um cantor assim... Da mesma maneira que eles [Staley e Cantrell] criaram as suas melodias e harmonias, e o seu estilo vocal, em geral, era tão diferente de qualquer outra coisa que alguém já tinha feito, e por isso é que a banda era tão atrativa que não poderias deixar de ser influenciado por ela. "
"O Layne era dono de uma voz incrível que tinha uma beleza, tristeza e qualidade assombrosa" - Disse Billy Corgan, o vocalista dos Smashing Pumpkins num comunicado após a morte de Staley. "Ele era diferente, porque o seu sofrimento estava persente na sua voz."
Foi o segundo álbum do Alice in Chains, Dirt, que revelaria a assinatura sonora de Layne Staley: pesadas camadas dos seus vocais em estúdios, gravadas em duas ou três faixas com múltiplos intervalos. A técnica, chamada de 'empilhamento vocal' era 'totalmente Layne', disse o produtor dos Alice in Chains, Dave Jerden. 'O que ele diria para mim quando fizemos o álbum é que ele tinha tudo planeado, ele apenas diria 'Dê-me outra parte', 'Eu quero duplicá-la', 'Agora vamos triplicar', ele apenas dizia o que queria fazer, e nós fazíamos.'
Havia também um elemento de improvisação de como ele gravava. O engenheiro do Dirt, Bryan Carlstrom lembra-se de quando ele trabalhava na canção 'Them Bones' com Staley. Staley disse-lhe: 'Oh, eu ouço uma pequena parte do vocal que eu quero que fique na música'.
Enquanto ele ouvia a música tocada em playback nos seus headphones, Staley começou a gritar os 'Ah' da música no tempo do riff de guitarra de Cantrell. Ele gravou os gritos uma ou duas vezes.
Staley também era capaz de inovar na sua habilidade de usar a sua voz como um instrumento. 'Ele cantava o verso de 'God Smack' com aquele efeito que definitivamente soava como um trémulo (efeito da guitarra) ou um Leslie (efeito de voz) na sua voz, e ele estava a fazer aquilo por si mesmo', diz Carlstrom. Nenhuma magia de estúdio era necessária. Carlstrom não tinha ideia de como ele fazia aquilo, pois a equipa de produção teve que improvisar uma parede feita de material à prova de som no estúdio a pedido de Staley, para que ele não fosse visto do lado de fora enquanto cantava."
Foi a voz dele, em grande parte, que deu ao baterista Layne Elmer [ele usava o sobrenome do padrasto] de 17 anos a vitória da audição que mais tarde iria transformá-lo em Layne Staley, o vocalista dos Alice in Chains.
Na Primavera ou Outono de 1984, James Bergstrom, o baterista de uma banda de garagem chamada Sleze, estava a andar entre as zonas do Liceu Shorewood de Seattle quando se deparou com Ken Elmer, um amigo da banda da escola. Elmer sabia que Bergstrom e os retantes membros da banda estavam à procura de um vocalista, e ele tinha alguém em mente para eles.
"Ei, o meu meio-irmão Layne toca bateria, mas ele quer ser cantor", disse Elmer a Bergstrom. "Devias falar com ele." E Bergstrom concordou, e uma audição acabou por ser criada.
A “audição” deu-se na casa dos pais de Bergstrom, na cave. Eles eram jovens, que ainda andavam na escola e ainda estavam a aprender a tocar os seus instrumentos e executar covers. O Layne finalmente chegou. Antes de tocarem juntos, os membros da banda notaram na sua alta estatura, na sua voz calma, e que ele estava vestida para o papel de um músico de rock, com nomes de bandas como "Ozzy" ou "Mötley Crüe", escritas nas suas calças descoloradas.
"Ele chegou à nossa sala e era muito tímido", disse o guitarrista Johnny Bacolas. "E assim como nós esperávamos, ficamos tipo, 'Fuck, yeah!’ é essa a imagem que um vocalista deve ter!"
Depois de feitas as apresentações iniciais, o grupo começou a tocar. Bergstrom, os guitarristas Johnny Bacolas e Ed Semanate, e o baixista Byron Hansen tinham a certeza de que a primeira música que eles tocaram com o Layne foi um cover dos Mötley Crüe, a música "Looks That Killed”. Eles souberam imediatamente que aquilo ia dar em alguma coisa.
"Quando ele ganhou o papel com ‘Now she’s a cool cool Black ', ele poderia realmente acertar as notas. Ficámos tipo 'Oh meu Deus! Isto é incrível!’, recorda Bergstrom com uma gargalhada. "Então, tinhas esse pressentimento: Já temos a pessoa certa. Ele tem uma grande voz. Ele é porreiro. Ele poderia cantar no tom. E ele também teve um bom alcance e era sentimental, embora fosse apenas um novato cru". Então, nós sabíamos que tínhamos algo especial, e sentimo-nos no céu a partir de então. Nós tínhamo-nos tornado numa banda." Semanate teve uma impressão parecida: "Ele tinha uma voz muito forte, tipo Vince Neil-ish, ele poderia imitá-lo bem. Então eu estava feliz.".
Mas, além da sua capacidade de imitar a voz de Neil, era o som distinto da sua voz, mesmo sob essa forma prima subdesenvolvida, que chamou a atenção de Bacolas e que levou os Sleze a contratarem-no, tinha começado a viagem de Layne que o levaria aos Alice in Chains.
"Ele não me pareceu uma imitação do Jim Morrison, ou uma imitação do Robert Plant ou do Ozzy" - disse Bacolas. "O Layne era original e acho que isso é o que era o mais interessante nele. Ele tinha uma voz muito distinta. Eu não queria outro Morrison ou outro Rob Halford. Nós não estávamos à procura disso. Eu não sabia do é que estávamos à procura. Nós apenas encontrámos o que queríamos"
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