sábado, 31 de março de 2012

Remembering Layne Staley P/ 2: "Digressão Clash of the Titans"


Escrito por David Bronstein e editado por Brett Buchanan, esta é a segunda parte traduzida do artigo.

Para ler a primeira parte, também traduzida, clique aqui.

nemi72 | flickr
"Até este dia, não há razão clara do porquê que os Alice in Chains, especialmente com seu estilo de música, terem entrado no festival ‘Clash of the Titans’. Os Slayer e os Anthrax queriam que os Pantera fizessem a abertura do concerto. Certamente o sucesso do sinistro e misterioso vídeo “Man in the Box” que estava constantemente a passar na MTV ajudou, e a banda tinha acabado de terminar uma digressão europeia com os co-headliners Megadeth. O certo é que o projeto necessitava de uma banda para a abertura após a escolha original - Death Angel - desistirem após um acidente de autocarro fatal. O futuro dos Alice que fizeram parte de uma dos maiores digressões da época, estava agora a tornar-se promissor. A parte Norte Americana da digressão abrangeria 49 concertos em apenas 59 dias, passando por 26 estados, mais 2 concertos no Canadá, o que seria tocar para uma estimativa de meio milhão de fãs.

Os Alice in Chains foram tirados de parte nessa digressão. Eles não foram convidados para falar na conferência de imprensa oficial, mas mesmo assim foram mencionados, quando um jornalista perguntou ao Dave Ellefson dos Megadeth, "Quem vai pagar a conta dos danos no final da noite?". Ellefson respondeu, sem hesitação, "Os Alice in Chains, os novatos", seguido de gargalhadas. Em quase todos os ingressos não estava mencionado que eles lá estavam e precisavas de super-visão para ver o nome deles (integrantes dos Alice in Chains) nas camisas turísticas.

A digressão começou no dia 16 de maio de 1991, na Dallas Starplex, um local com capacidade de 20.000 e inspirador para começar uma digressão, especialmente para os Alice In Chains, que nunca tinham tocado para um público de tal dimensão. Quando os Alice subiram ao palco pouco antes das sete e meia, os gritos vindos do já irritado público trash eram para o Slayer. De pé no microfone estava Layne Staley, olhando para o público. "Slayer, Slayer, Slayer", foi a resposta. Staley continuou a olhar até que Mike Starr quebrou o desconforto com a linha de baixo de abertura da música ‘Would?’. Nem mesmo o fã mais obcecado da banda naquela noite, no Starplex, conheciam a música. Com certeza não era do primeiro álbum, e dado à noite seguinte, nem era a música mais pesada da banda. A próxima foi "Real Thing", perfeitamente seguida por "Put You Down"; mais 2 faixas que só testaram a paciência da multidão. Alguns objetos foram atirados, foram ouvidas várias ‘queixas’, mas quando começaram "We Die Young" e fecharam o concerto com "Man In The Box", o barulhento público do Texas tinha sido domesticado. Quando a banda deixou o palco naquela noite de verão nublado em Dallas, tinha conquistado mais do que alguns dos zombeteiros.

Também tinham garantido respeito das outras bandas. Dave Mustaine colocara-os debaixo de sua asa, embora a tendência de Staley fosse ficar mais com os amigos de Satã, Slayer. A quarta parada da digressão foi em Houston, onde ninguém imaginaria que uma década depois aquela mesma casa, "The Summit", viraria uma espécie de igreja.

Em New Mexico, os Megadeth, agora conhecidos pelos Alice como "Megairmão", divertiam a banda com um vídeo pornográfico animal estrelado por um porco. Staley parecia atordoado e envergonhado, mas o grupo, qualquer que fosse a influência, trouxe bacon para casa. Durante "We Die Young" naquela noite, os AIC tinham criado uma roda de bate cabeça. Dois dias depois, em 24 de maio, Mustaine bancou um salto de pára-quedas para a banda. O vocalista dos Megadeth lembra que nunca tinha visto Layne mais feliz, dizendo que "quando ele eterizou, parecia uma criança". Algumas horas depois em San Diego a banda tocou o seu mais intenso e eletrizante concerto da digressão.

Quando chegaram à sua terra natal, a pedido de Staley, os Alice incluiram "Love Hate Love" no setlist. Depois de 14 shows em 16 dias a banda estava em Salt Lake City, e lá gravaram seu terceiro clipe: "Sea Of Sorrow". Conhecido pelos fãs como o clipe 'das namoradas', o vídeo mostra que todas mulheres eram figurantes da cidade. Paul Rachman, diretor do clipe de "Man In The Box", foi novamente contratado para fazer a mágica. Rachman explica: "Alguns deles queriam suas namoradas no clipe, e insistiram para isso. Mas na época alguns não tinham, então tivemos que selecionar algumas em Salt Lake City. A minha ideia original não tinha namoradas e etc. Além disso, "alguma coisa" estava a acontecer entre Layne e Demri, na época, então não conseguimos trazê-la."

Rachman também foi contra a idéia de ter que ir para Salt Lake City e usar uma equipa diferente. "A gravação foi agitada! O estúdio insistiu para que eu trabalhasse na estrada porque a banda estava no Clash Of The Titans. Então queriam gravar uma parte em Seattle, essa era a ideia. O plano era muito difícil e eu queria mesmo fazer em Hollywood com a melhor equipa que pudesse. Mas a gravadora forçou-me a ir para Salt Lake City e tivemos tantos problemas técnicos e com a equipa, que foi um inferno. A cidade é religiosa então eles tinham todos essas tribos de rock a reunirem-se na estrada nos arredores da cidade. Finalmente encontrei-me com a banda e gravámos o vídeo, e aí que vem a melhor parte, bem no palco de som do [programa] Donny e Marie Osmond!"

Após a gravação do vídeo, a banda compareceu numa sessão de autógrafos numa loja para alguns fãs sortudos, e então voltaram, sem parar, para a digressão Clash Of The Titans. O próximo concerto seria um dos mais memoráveis. Até hoje, se você perguntar a Jerry Cantrell sobre essa digressão, a resposta é sempre "Red Rocks". O "Red Rocks Amphitheatre" é um lugar majestoso. O seu palco é montado bem no meio do lado interno e externo de pedras naturais, onde e quando o sol bate, parece o paraíso. Mas aquela noite foi terrível para os Alice. O público, cheio de motoqueiros e bêbados, claramente não estavam lá pelos novos roqueiros grungers de Seattle. Um monte de latas amassadas foram atiradas para a banda, uma garrafa cheia de "mijo" foi atirada e rebatida 3 vezes entre o público e Staley, e alguns dos que estavam na frente [do palco] até ameaçaram esperar a banda na saída do show. Enquanto muitas bandas teriam ido embora, os Alice ficaram. Batalharam até ao fim do set, e quando finalmente deixaram a casa, foram confrontados por alguns fãs dos Slayer, que tinham nada menos que respeito pelos jovens, por se terem atrevido a ficar no mesmo palco que os seus heróis. É pouco dizer que este foi um ponto crucial na própria sobrevivência da banda.

Em Detroit, duas semanas depois, Staley sentiu-se tão confiante após o concerto da banda, que circulou com alguns fãs pelo local. Em Virgínia, não era de se admirar que algumas pessoas não fossem familiares com o grupo, pois até o jornalista de música da cidade não sabia nada sobre eles. A música-destaque dos Alice aparentemente era "Bleed The Freak".

Para o concerto do dia 4 de julho em Weedsport, Nova Iorque, havia segurança tripla, mas fogos de artifício não foram obstruídos. Até o poderoso Madison Square Garden sentiu o poder da digressão, quando mais que 200 assentos foram ocupados e então aglomerados para os fãs apreciarem o concerto. Os restantes concertos foram bons, até ao antepenúltimo na Florida, onde Layne Staley mergulhou de cabeça na plateia para enfrentar um arruaceiro, que depois foi expulso do local.

Layne tinha tudo; a aparência e o talento para, sem surpresas, estampar a capa das revistas RIP e Teen na mesma semana. No verão de 1991 ele estava no seu auge absoluto. Naquele agitado verão, a inocência e pureza de Staley estavam lá para todos verem, e ele devorava a banda com isso. A Clash Of The Titans tornou-os mais fortes e enquanto as letras para seu próximo álbum eram influenciadas pelas demónios pessoais de Staley, pouca dúvida poderia existir sobre a mudança de som do "Facelift" para "Dirt" ter sido inspirada por essa digressão e pelas bandas que lá conheceram."

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